Banda desenhada
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Banda desenhada, BD, história aos quadradinhos[1] (português europeu) ou história em quadrinhos, quadrinhos, gibi, HQ, revistinha[2] (português brasileiro) é uma forma de
arte que conjuga texto e imagens com o objetivo de narrar histórias dos mais variados gêneros e estilos. São, em geral, publicadas no formato de revistas, livros ou em
tiras publicadas em revistas e jornais. Também é conhecida por
arte sequencial.
A banda desenhada é chamada de "
Nona Arte"
[3] dando sequência à
classificação de Ricciotto Canudo. O termo "arte sequencial" (traduzido do original
sequential art), criado pelo quadrinista
Will Eisner com o fim de definir "o arranjo de fotos ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia", é comumente utilizado para definir a linguagem usada nesta forma de representação.
[4] Uma
fotonovela e um
infográfico jornalístico também podem ser considerados formas de arte sequencial.
A banda desenhada é conhecida por
comics nos
Estados Unidos,
bande dessinée em
França,
fumetti na
Itália,
tebeos em
Espanha,
historietas na
Argentina,
muñequitos e
cómicos em
Cuba,
mangás no
Japão,
manhwas na
Coréia do Sul,
manhuas na
China e por outras várias designações pelo mundo fora.
É possível remontar aos tipos de registo pictórico utilizados pelo homem
pré-histórico para representar, por meio de desenhos, as suas crenças e o mundo ao seu redor. Ao longo da
história esse tipo de registo desenvolveu-se de várias formas, desde a
escrita hieroglífica egípcia até às tapeçarias medievais, bem como aos códigos/histórias contidos numa única pintura. Por exemplo, a obra de
Bosch, no
Museu Nacional de Arte Antiga, em Portugal,
As Tentações de Santo Antão, representam sequencialmente passos da vida do santo.
Porém, a banda desenhada não se confina à obra original, sendo antes um produto que nasce da novidade que foi a Imprensa escrita. Assim, terá de ser impressa e distribuída por formatos como sejam a revista ou o álbum. Só assim é a arte que conhecemos. Qualquer analogia com aqueles exemplos históricos é apenas coincidência, pois a BD não é a única arte a contar uma história por método sequencial.
Advindo dessa sua ligação embrionária à Imprensa, a banda desenhada encontra seus precedentes nas
sátiras políticas publicadas por jornais europeus e norte-americanos, que traziam
caricaturas acompanhadas de comentários ou pequenos diálogos humorísticos entre as personagens retratados. Mais tarde esse recurso daria origem aos "balões", recurso gráfico que indica ao leitor qual das personagens em cena está falando (donde o termo italiano "fumetti" - os balões lembram fumaça saindo da boca dos interlocutores).
Juca e Chico, obra precursora das HQ
No século XIX o livro
Max und Moritz (1865), do escritor e desenhista alemão
Wilhelm Busch é considerado como o precursor dos quadrinhos
[5][6] - pois cada acção era ricamente ilustrada, tornando o texto mais agradável ao público infantil
[7].
Porém, a primeira obra com as histórias em quadrinhos conhecidas hoje em dia foi um livro de Rodolphe Töpffer. Detalhes na versão em inglês, digitando-se "comics". Deve-se registrar ainda o trabalho original publicado na imprensa do Brasil, de autoria do artista italiano
Angelo Agostini, que fez inúmeras charges e caricaturas de figuras políticas da época de
Dom Pedro II, além de criar história em quadrinhos com textos na forma de legenda, consideradas por vários como igualmente precursoras desse tipo de arte.
Os quadrinhos de
1897 e editados até os dias atuais, a usar o formato pelo qual passaram os quadrinhos a ser identificados, foram criados pelo
teuto-
americano Rudolph Dirks, retratando as aprontações de um par de
gêmeos,
Hans e Fritz - editados no Brasil como
Os Sobrinhos do Capitão, e título original
Katzenjammer Kids. Outra personagem antiga que sobreviveu ao tempo foi
Popeye, criado ainda em
1929.
No ocidente, a forma de publicação mais popular era basicamente em tiras
[carece de fontes], como as publicadas pelos jornais ainda hoje, e em páginas dominicais coloridas. Com sua crescente popularidade, foram uma das molas propulsoras do crescimento dos impérios de mídia de
William Randolph Hearst e
Joseph Pulitzer. Distribuídas por agências (syndicates), essas tiras e dominicais da década de 1920 conquistaram a imaginação de leitores do mundo inteiro e foram adaptados para o cinema, em seriados e filmes.
Na década de 1930, essas tiras e dominicais começaram a ser coleccionadas em revistas, dando origem aos primeiros "comic books". Esses primeiros "gibis" tiveram grande sucesso, e logo o material disponível não era suficiente. Surgiram então os estúdios especializados na produção de histórias produzidas especificamente para a página de revistas. A liberdade de usar a página (livre das restrições da "tira") permitiu aos quadrazitas um salto criativo.
Em
1938, com a publicação e o estrondoso sucesso da primeira história do
Superman, surgiu o género dos
super-heróis, que se tornaria o paradigma dos quadrinhos norte-americanos. Em torno desses heróis mascarados, a partir da década de 1940, desenvolveu-se uma verdadeira indústria do entretenimento.
Na década de 1950, a popularidade e a variedade das revistas em quadrinhos norte-americanas era enorme (a maioria traduzida ao redor do mundo). Faziam muito sucesso, além dos super-heróis, revistas de guerra e terror. Considerados excessivamente violentos e uma influência perniciosa para a "juventude", os quadradinhos passaram a sofrer fortes pressões governamentais. Essas pressões acabaram por forçar, nos EUA, a criação do
Comics Code Authority, um código de "ética" que conseguiu praticamente exterminar a criatividade dos quadradinhos norte-americanos nas duas décadas seguintes. Praticamente, porque na
década de 1960 autores
underground como
Robert Crumb começaram a vender nas esquinas seus quadradinhos extremamente autorais, sem limites. Crumb e numerosos colaboradores da lendária
[carece de fontes] Zap Comix influenciaram uma nova geração, mostrando que os quadradinhos eram um meio de expressão de grande potencial.
Hoje, os quadrinhos são publicados em média impressa e eletrónica e agregam ao seu redor um universo de criações que são adaptadas aos jogos, ], às artes plásticas e a produtos como brinquedos, colecções de roupas, etc.
Entre os elementos de linguagem, além do já citado
balão, podem ser destacados
[carece de fontes]: o uso de sinais gráficos convencionados (como as
onomatopeias para a tradução dos sons, pequenas estrelas sobre a cabeça de um personagem indicando dor ou tontura, o próprio formato do balão pode indicar o volume ou tom da fala e até mesmo informar que se trata de um pensamento); uso da "calha" para separar um quadro de outro e estabelecer um sentido de evolução no tempo entre as cenas representadas; uso de cartelas ou recordatórios para estabelecer uma "voz do narrador" dentro da história; e o uso de diagramação versátil dos quadros, de acordo com a necessidade dramática de cada cena, entre outros.
Produção do desenho, a lápis
Com a popularização da impressão, a partir da começo do
século XIX para o
XX a banda desenhada tornou-se imensamente
[carece de fontes] popular em todo o mundo. A sua linguagem é cada vez mais apurada e, apesar de ser tratada, muitas vezes com preconceito, como uma forma de expressão menor seu respeito nos meios académicos vem crescendo a cada dia
[carece de fontes].
Os quadradinhos são lidos pelas mais diversas faixas etárias, desde crianças em idade de alfabetização a idosos coleccionadores
[carece de fontes].
[editar] Denominações
Apesar de nunca terem sido oficialmente batizados, os quadrinhos receberam diferentes nomes de acordo com as circunstâncias específicas dos diversos países em que se estabeleceram.
Por exemplo, nos EUA, convencionou-se chamar
comics pois as primeiras
historinhas eram de humor, cómicas; na França, eram publicadas em tiras -
bandes - diariamente nos jornais e ficaram conhecidas por
bandes-dessinées[8]; em
Portugal por Histórias aos Quadradinhos (HQ) ou
Banda Desenhada; na Itália, ganharam o nome dos
balõezinhos ou fumacinhas (
fumetti) que indicam a fala das personagens
[8]; na Espanha, chamou-se de
tebeo, nome de uma revista infantil (
TBO)
[8], da mesma forma que, no Brasil, chamou-se por muito tempo e (continua a ser largamente usado) de gibi (também
nome de uma revista)
[9]. Tudo, no entanto, se refere a mesma coisa: uma forma narrativa por meio de imagens fixas, ou seja, uma história narrada em seqüência de pequenos quadros. Nesse sentido, o nome utilizado no Brasil seria
história em quadrinhos, semelhante à expressão que caiu em desuso em Portugal 'histórias aos quadradinhos'.
[8]
Exemplo de história em quadrinhos que brinca com o próprio esquema de quadros
No
Japão são chamados
Mangá que, por sua história e ampla diversidade, merecem um verbete à parte. Os autores japoneses são destaque na década de 2000 como os maiores sucessos comerciais do meio no mundo todo. É nesta época que o mangá se popularizou definitivamente por conta das suas altas vendas na Europa, Estados Unidos e Brasil principalmente.Os quadrinhos são muito interessantes pois muitos deles são educativos.
A banda desenhada como uma forma de arte poderá representar diversos estilos e formatos de publicação, muito embora seja discutível, ainda hoje e nos meios académicos, se o cartoon (por exemplo) não será antes uma arte autónoma:
-
O
cartoon ou
cartum, ou
charge, no português brasileiro, originalmente tratado como os esboços de um artista, é considerado por muitos especialistas, entre eles R.C. Harvey, como um formato de arte sequencial animada. Embora composto de uma única imagem, foi debatido que, uma vez que o cartum combina tanto palavras quanto imagens e constrói uma narrativa, ele merece sua inclusão entre os formatos de quadrinhos.
-
A
tira é uma sequência de imagens. O termo é atualmente mais usado para definir as tiras curtas publicadas diariamente em
jornais, mas historicamente o termo foi designado para definir qualquer espécie de tira, não havendo limite máximo de quadros, sendo o mínimo de dois. As
tiras dominicais dos Estados Unidos eram coloridas e de início ocupavam uma página inteira de jornal.
[editar] Revista em quadrinhos
-
A
revista em quadrinhos, como é chamada no Brasil, ou "comic book" como é predominantemente conhecida nos
Estados Unidos, é o formato comumente usado para a publicação de histórias do género, desde séries
românticas aos populares
super-heróis. Em Portugal a expressão usada é 'Revista de Banda Desenhada'.
[editar] Graphic novel
-
Graphic novel é um termo para um formato de revista em quadrinhos que geralmente trazem enredos longos e complexos, frequentemente direcionados ao público adulto. Contudo o termo não é estritamente delimitado, sendo usado muitas vezes para implicar diferenças subjetivas na qualidade artística entre um trabalho e outro. Em
Portugal usa-se também a tradução: Novela Gráfica, mas raramente.
-
Webcomics, também conhecido como "online comics", "web comics" ou "digital comics" são histórias em quadrinhos publicadas na
internet. Muitas webcomics são divulgadas e vendidas exclusivamente na rede, enquanto outras são publicadas em papel mas mantendo um arquivo virtual por razões comerciais ou artísticas. Com a popularização da internet, o formato webcomic evoluiu, passando a tratar desde as tradicionais tiras até graphic novels.
[editar] Storyboard
-
Storyboards são
ilustrações dispostas em sequência, com o propósito de prever uma cena animada ou real de um
filme. Um storyboard é essencialmente uma versão em banda desenhada de um filme ou de uma secção específica de um filme, produzido previamente para auxiliar os diretores e cineastas a visualizar as cenas e encontrar potenciais problemas antes que eles aconteçam. Os storyboards muitas vezes trazem setas e instruções que indicam movimento.
-
Um
fanzine é uma revista
amadora, feita de forma artesanal a partir de
fotocopiadoras ou
mimeógrafos. É uma alternativa barata àqueles que desejam produzir suas próprias revistas para um público específico, e conta com estratégias informais de distribuição. Diversos
cartunistas começaram desta maneira antes de passarem para espécies mais tradicionais de publicação, enquanto outros artistas estabilizados continuam a produzir fanzines paralelamente à suas carreiras.
O termo é também usado para definir publicações amadoras feitas por fãs de outros meios de entretenimento, trazendo notícias e ensaios sobre música, esportes e programas de televisão em geral.
[editar] Revistas especializadas
Referências
- ↑ Sonia M. Bibe Luyten. Portugal: das histórias aos quadradinhos às bandas desenhadas (Parte I). Universo HQ. Página visitada em 12 de Fevereiro de 2011.
- ↑ , Gonçalo Júnior Editora Companhia das Letras, A guerra dos gibis: a formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-1964, 2004. ISBN 8535905820, 9788535905823
- ↑ ANDRAUS, Gazy, "O Meme nas Histórias em Quadrinhos (acessado em janeiro de 2008) - a sétima arte é o cinema, a oitava a televisão, que se somam às seis formas artísticas consideradas "clássicas"
- ↑ , Edgar Silveira Franco Annablume, HQTRONICAS: DO SUPORTE PAPEL A REDE INTERNET, 23, 2004. ISBN 857419476X, 9788574194769
- ↑ História da charge, TEIXEIRA, Luiz Guilherme Sodré. Ensaio publicado em Cadernos Avulsos, no 38. FCRB, 2001. Arquivo em PDF. Sítio da Fundação Casa de Rui Barbosa pesquisado em 22 de novembro de 2007, às 04:55
"Max und Moritz, publicado em 1865 por Wilhelm Busch – tido como o grande precursor do gênero" (Precursores, p.2)
- ↑ LUYTEN, Sônia. Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses, (in: prefácio por Álvaro de Moya, autor de "História da história em quadrinhos"), ed. Hedra, ISBN 85-87328-17-4
- ↑ Evento - Semana da Criança 2007 do FNAC, notícia informa sobre evento ocorrido no mês de outubro de 2007, com o seguinte mote: "No Mês de outubro, o tema será Wilhelm Busch, importante caricaturista alemão. (...) e considerado um dos maiores precursores das histórias em quadrinhos." - sítio pesquisado em 22 de novembro de 2007, às 05:36
- ↑ a b c d , Elza Dias Pacheco Edicoes Loyola, Comunicação, educação e arte na cultura infanto-juvenil, 1991. ISBN 8515004267, 9788515004263
- ↑ Gibi Semanal (em português). Universo HQ. Página visitada em 12/05/2010.
[editar] Ver também